Contratar ou quase-contratar, eis a questão...
Eu sabia que hoje não me deitava sem falar de transferências no Sport Lisboa e Benfica, ou melhor, de “quase-transferências”. Designo de “quase-transferência” uma espécie de “quase-contrato” através do qual um jogador de futebol quase se torna jogador do Sport Lisboa e Benfica. É nesta galeria de “quase-jogadores do Sport Lisboa e Benfica” que se inscrevem nomes sonantes que vão de Robinho a Ronaldinho, mas também outros menos sonantes como Álvaro Pereira e Falcão.
Não sei se objectivamente Falcão ou Álvaro Pereira eram boas opções para o Benfica e se alguma vez deveriam deixar de ser quase-atletas do Glorioso para passarem a envergar as nossas cores. O que sei, o que resulta evidente à vista desarmada, é que no Benfica as palavras não se medem da mesma maneira que os silêncios não se gerem.
No entanto, creio que Rui Costa, fazendo-se de estratego da negociação futeboleira (e que tem dado alguns frutos se bem que também tem gerado quase-futebolistas), afirmando palavras de sedução que tanto sensibilizam os meus colegas de bancada, mais não faz do que seguir a linha do presidente, isto é, atirar areia para os olhos dos benfiquistas. Já dizia o velho ditado: “enquanto o pau vai e vem folgam as costas”.
Ele bem pode dizer que só quer no Benfica quem tiver prazer, carinho, mística, fé ou mesmo outras qualidades. Facto: Rodriguez foi para o FC. Porto; Luís Garcia não veio; Álvaro Pereira não veio, Andújar não veio; Falcão parece que já não vem. A lista é quase interminável. Todos estavam referenciados, todos eram objectivos do Benfica; dois são atletas do FC Porto (pelo menos por agora são só dois).
Rui Costa pode dizer o que quiser. O que eu constato é uma incapacidade histórica de preservar o segredo que, como toda a gente sabe, é desde tempos imemoriais, "a alma do negócio”. Ora, espetando nos jornais aquilo que deveria ser sigiloso, o Benfica consegue não só desperdiçar todo um trabalho de prospecção (cujos custos não podem ser ignorados), mas também inflacionar o valor dos passes dos jogadores que quer comprar.
Até um quase-gestor percebe que isto é um contra-senso e que esta prática apenas gera as tais “quase-contratações” em que somos de facto pródigos.